Página optimizada para ser apresentada com o Chrome. Se usa um browser diferente, poderá encontrar dificuldades na utilização ou visualização de alguns items.
O Internet Explorer é, em particular, conhecido por apresentar problemas e descaracterizar a formatação original dos textos.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Draco ( Dragão )


Na ilustração, as constelações do Dragão e Ursa Menor


Dados da constelação:
Abreviatura oficial:  Dra
Genitivo usado para formar o nome das estrelas:  Draconis
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes:  90°N – 4°S 
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes:  4
°S 42°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite:  24 Mai


Constelação relativamente fácil de se localizar, por ser constituída por estrelas suficientemente brilhantes, podemos encontrar o Dragão tendo como referência a proximidade das Ursas ( Maior e Menor ).
Pode-se simultaneamente usar Vega - uma das estrelas mais brilhantes do céu, pertencente à constelação da Lira - para mais rapidamente localizar as duas componentes principais ( neste caso, Beta e Gama ) desta figura celeste, que fazem parte do desenho da cabeça do Dragão.


Existem algumas lendas antigas relacionadas com esta personagem, sendo associada a vários dragões diferentes presentes em mitos gregos, por vezes identificando até exactamente o mesmo monstro em contextos díspares; estas contradições explicam-se devido ao facto de estas lendas terem origem em autores clássicos distintos que, de forma independente, se dedicaram a explicar a presença da personagem no céu.
A mais conhecida de todas é a que refere ser este o dragão que guardava as maçãs de ouro do Jardim das Hespérides, num dos episódios dos 12 trabalhos de Hércules. O herói mítico conseguiu matar ( ou, noutras versões, adormecer ) o dragão e colher as maçãs, tendo a deusa Hera colocado então a imagem do monstro no céu.
Outra lenda grega conta que este seria o Dragão da Cólquida, morto por Jasão para que o herói mítico conseguisse obter o Velo de Ouro. 
Um mito menos conhecido, de entre ainda muitos outros, conta que este teria sido o monstro morto por outro herói mítico grego, Cadmo, fundador da cidade de Tebas, para conseguir alcançar uma fonte num bosque sagrado guardado por um dragão.

A título de curiosidade, refira-se que na direcção da constelação de Draco encontramos o pólo Norte da eclíptica ( para melhor compreensão visual, observe-se esta imagem ).



Objectos celestes mais notáveis:



- NGC 4236 - uma galáxia espiral barrada de Mag. 9.6 , difícil de se observar com telescópios modestos - recomendam-se céus escuros.










- NGC 5866 ( M 102 ) - uma galáxia espiral de Mag. 10.5 que se apresenta, segundo a nossa perspectiva, praticamente de lado. Pode ser observada com telescópios modestos, em céus escuros. A sua catalogação é controversa, visto não se conseguir provar ser de facto este o objecto descrito por Messier como sendo o M 102 do seu catálogo. No entanto, assume-se que assim seja.








- NGC 5907 - uma galáxia espiral de Mag. 10.4 , observável com telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm.












- NGC 6503 - uma galáxia espiral de Mag. 10.2 , observável com telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm.












- NGC 6543 - uma nebulosa planetária de Mag. 8.3 , cujo núcleo pode ser observado com telescópios modestos, também conhecida como Nebulosa Olho de Gato.














Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:


Clicar na imagem para ampliar o mapa

Mapa com fundo branco

Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.

Clicar na imagem para ampliar o mapa

Existem dois asterismos famosos na constelação do Dragão:

- β (Beta) + γ (Gama) + ξ (Csi) + ν (Niú) - formam um desenho conhecido como Cabeça do Dragão ou Losango.
- um pequeno grupo de estrelas nas imediações da χ (Qui) Draconis forma um desenho muito curioso, visível apenas com binóculos ou telescópios, conhecido como Pequena Rainha ( " Little Queen " ), pela sua semelhança com o formato da constelação de Cassiopeia, em tamanho reduzido.



Estrelas mais notáveis:


- α (Alfa), tem o nome próprio Thuban, corrupção de uma expressão árabe significando " a cabeça da serpente " - para além da designação não fazer sentido na moderna constelação do Dragão ( para os Árabes antigos esta era vista como a representação celeste de uma serpente ), pois a estrela encontra-se na cauda da figura, o nome havia sido atribuído originalmente a outra estrela que não esta. É uma gigante esbranquiçada de Magnitude 3.7 . Foi a estrela Polar ( do hemisfério Norte ) durante os séculos próximos de 2 800 a.C. e voltará a sê-lo daqui a milhares de anos, devido à precessão dos equinócios.
- β (Beta), tem o nome próprio Rastaban, corrupção de uma expressão árabe que referia " a cabeça da serpente " ( na verdade, este nome havia sido originalmente atribuído à estrela gama desta constelação ) ou Alwaid, de uma expressão árabe que pode referir-se " àquele que deve ser destruído ", ou ao asterismo hoje em dia conhecido como " a cabeça do Dragão ", que os Árabes denominavam " Al'awa'id " - " os Camelos e suas crias ". É uma supergigante amarelada de Mag. 2.8 .
- γ (Gama), tem o nome próprio Eltanin, designação que pretendia referir-se à constelação como um todo e que tem origem no árabe, significando " a serpente ". É uma gigante alaranjada e apresenta uma Mag. de 2.2 . Apesar de estar catalogada com a 3ª letra do alfabeto grego, é a estrela mais brilhante do Dragão.
- δ (Delta), tem o nome próprio Nodus II, do latim, fazendo referência aos nós em que se enrosca o corpo do Dragão, perto da cabeça, sendo este o segundo. Também é por vezes referida como Altais, nome que deriva da corrupção do termo árabe original que designava toda a constelação, " a serpente ". É uma gigante alaranjada de  Mag. 3.0 , a cerca de 100 anos-luz de nós.
- ε (Épsilon), é por vezes referida pelo nome próprio, pouco usado e de origem obscura, Tyl. É uma dupla física ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ) de Mag. ( global ) 3.8 , difícil de se observar separada nas duas componentes individuais com telescópios modestos.
- ζ (Zeta), tem o nome próprio Nodus I, do latim, fazendo referência aos nós em que se enrosca o corpo do Dragão, perto da cabeça, sendo este o primeiro. É uma gigante azulada de Mag. 3.1 .
- η (Eta), é por vezes referida pelo nome próprio ( ou variações deste ) Al Dhibain, expressão árabe que se referia a duas estrelas em simultâneo, a Zeta e a Eta e que significa " os lobos " ou " hienas ". Quando usado em ambas, são acrescentados os sufixos latinos " Prior " ( " a primeira " ) e " Posterior " ( " a seguinte " ou " que vem a seguir a " ) para fazer a distinção uma da outra, ficando a Eta com a designação " Al Dhibain Prior " e a Zeta com a designação " Al Dhibain Posterior ". A Eta Draconis é uma dupla física de Mag. ( global ) 2.7 , muito difícil de se observar separada nas duas componentes individuais com telescópios amadores, a cerca de 88 anos-luz.
- ι (Iota),  tem o nome próprio Edasich, corrupção de uma expressão árabe que menciona " a hiena macho ". É uma gigante alaranjada de Mag. 3.3 .
- κ (Capa), é por vezes mencionada pelo nome próprio, raramente usado, Ketu, um ponto de energia ou influência celestial ( semelhante aos planetas na astrologia ocidental de origem babilónica ) no sistema astrológico dos Hindus. É uma gigante azulada de Mag. 3.9 .
- λ (Lambda), tem o nome próprio ( ou variações deste ) Giansar, denominação obscura, claramente resultante da corrupção de um termo original já impossível de se especificar. A quantidade de variantes do nome aqui indicado reflecte bem a confusão gerada por esta misteriosa palavra: Giausar, Giauzar, Gianfar, Gianzar, Gaiusar, Juza, etc. Algumas hipóteses para a sua origem costumam ser abordadas, embora sem resultados satisfatórios: poderá derivar do árabe " Al Jauza ", significando " a personagem central " ( constelação dos antigos Árabes que abarcava estrelas de Orion e Gémeos, mas não do Dragão )  mas também do persa " Ghauzar ", termo usado para assinalar um ponto de influência celestial no sistema astrológico persa. É uma gigante vermelha de Mag. 3.9 .
- μ (Miú), tem o nome próprio ( ou variações deste ) Arrakis, de uma expressão original árabe, que pode significar " o camelo a trote " ou " dançarina " - assinala a ponta da língua do Dragão. É uma dupla física de Mag. ( global ) 4.9 , bastante difícil de ser separada nas duas componentes individuais com telescópios modestos, a cerca de 90 anos-luz de nós.
- ν (Niú), tem o nome próprio Kuma, expressão de origem obscura que se costuma traduzir por " por fim " ( finalmente ). É uma das estrelas duplas ( neste caso, física - a proximidade das componentes é real ) mais famosas do céu, entre os astrónomos amadores, não só pela beleza como também pela facilidade da sua observação. Apresenta uma Mag. ( global ) de 4.2 , sendo muito fácil de se observar com telescópios modestos e possível de ser separada nas duas componentes individuais mesmo apenas com binóculos.
Kuma ( Niú Draconis )
- ξ (Csi), tem o nome próprio Grumium, do latim, presumivelmente referindo-se ao focinho de um porco - assinala o maxilar do Dragão.  É uma gigante alaranjada de Mag. 3.8 .
- ο (Ómicron), é uma dupla física de Mag, ( global ) 4.6 , facilmente separada nas duas componentes individuais com telescópios modestos.
- σ (Sigma), tem o nome próprio Alsafi, corrupção de uma expressão árabe que se referia a um grupo de 3 estrelas próximas, de entre as quais a Sigma Draconis, e que significava " o tripé ". É uma anã avermelhada de Mag. 4.7 , a apenas 18,8 anos-luz de nós.
- φ (Fi), é por vezes mencionada pelo nome próprio Batentaban Australis, expressão híbrida entre a corrupção de um termo árabe que se traduz por " barriga " ( do Dragão ) com o termo latino que se refere ao que se encontra a Sul, " Austral ". É uma gigante esbranquiçada de Mag. 4.2 .
- χ (Qui), é por vezes mencionada pelo nome próprio Batentaban Borealis, expressão híbrida entre a corrupção de um termo árabe que se traduz por " barriga " ( do Dragão ) com o termo latino que se refere ao que se encontra a Norte, " Boreal ". É uma dupla física, cujas componentes se encontram demasiado próximas uma da outra para que possam ser observadas individualmente através de instrumentos ópticos. Apresenta uma Mag. de 3.5 e está a apenas 26 anos-luz de distância.
- ψ (Psi), tem o nome próprio Dziban, de uma expressão árabe que menciona os " lobos " ou " chacais ". É uma dupla física de Mag. ( global ) 5.0 , facilmente separada nas componentes individuais mesmo apenas com uns binóculos.
Dziban ( Psi Draconis )
 - 16 + 17 Draconis, é um sistema triplo de estrelas ligadas pela gravidade, de Mag. ( global ) 4.6 . Mostrando a dupla principal mesmo apenas com binóculos, exigirá o uso de um telescópio de abertura média para que se consiga verificar que a estrela 17 Draconis é, em si própria, uma estrela dupla. Esta é uma das observações mais procuradas pelos astrónomos amadores, em especial pelos apreciadores de estrelas múltiplas.
16 + 17 Draconis
- 40 + 41 Draconis, é outro célebre sistema, neste caso duplo, de estrelas ligadas pela gravidade, cuja separação das componentes individuais o coloca ao alcance de telescópios modestos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 5.5 .
40 + 41 Draconis ( no topo direito ). A estrela visível em baixo não faz parte deste sistema.




_____________________________________________________________________________________________

4 comentários:

  1. Parabéns! Comecei a me interessar recentemente por astronomia e este site me causou impacto grande devido a quantidade de informações, beleza estética, e carinho com que é feito por você. Sou brasileira, moro em São Paulo e todos os dias aprendo um pouco sobre astronomia com você. Mais uma vez, parabéns, estou muito agradecida!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelo incentivo e pelo simpático e cuidado comentário que fez questão de deixar. Fico particularmente sensibilizado com a opinião de uma iniciante na matéria, pois é esse o público que me pode esclarecer se estou no caminho certo em relação ao que pretendo: apresentar a informação de forma clara e apelativa, apesar de rigorosa.
      Se tiver curiosidade, dê também uma olhadela nos blogues. de outros autores, que "Estou a seguir" (lista que pode consultar na coluna à direita) - neles encontrará igualmente muita informação útil, para além de outros temas e abordagens à Astronomia que não são aqui (pelo menos, por enquanto) tratados.
      Por último, sinta-se à vontade para colocar alguma dúvida que lhe surja relativamente a qualquer matéria que por aqui leia.

      Cumprimentos,

      Jorge (Admin)

      Eliminar
  2. Nossa que material bem elaborado!

    Estou criando uma história de ficção e ela vai se passar em um planeta fictício na constelação de Draco. Eu havia criado (mesmo sem pesquisar) que esse planeta orbitaria 2 sóis.. E minha alegria foi indescritível ao descobrir aqui no seu Blog que na constelação de Draco há duas estrelas ligadas pelo magnetismo que caíram como uma luva para a estória da minha ficção rsrs.
    É a realidade se misturando a fantasia!

    Parabéns pelo empenho e continue postando!

    ResponderEliminar
  3. Muito massa! Amei, vi em um sonho visão estas Duas estrelas duplas da qual senti ser algo importante...neste momento de transição.Gratidão.

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...