Dados da constelação:
Abreviatura oficial: CrA
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Coronae Australis
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 44°N – 90°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 53°N – 44°N
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 30 Jun
Constelação de difícil localização por ser constituída por estrelas de fraco brilho, podemos encontrar a Coroa Austral no céu pela sua proximidade do Sagitário e Escorpião.
Nesta imagem a constelação da Coroa Austral observa-se em baixo e ao centro |
Segundo a lenda grega associada, numa das suas várias relações extraconjugais com seres humanos, Zeus seduzira uma mulher chamada Semele, acabando por engravidá-la de Dionísio. Durante a gravidez, a esposa de Zeus, Hera, aparece à saudosa Semele tomando a aparência da sua ama de infância e incita-a a pedir ao líder dos deuses que a abrace na sua forma divina, tal como fazia com Hera. No encontro seguimte ela expressa este pedido e, apesar de saber quais as consequências desse acto, Zeus não consegue resistir, acedendo à vontade de Semele, que acaba por morrer, fulminada por ter tido contacto com a essência divina do amante. Dionísio é então arrancado do ventre de Semele, gerado da coxa de Zeus e entregue à sua tia para ser criado. Já adulto, desce ao mundo dos mortos para resgatar Semele, sua verdadeira mãe, deixando ficar no seu lugar uma oferenda de mirto ( planta ) e coloca a Coroa Austral no céu, como homenagem à mulher que o gerou.
Uma lenda distinta conta que a Coroa pertenceria ao Sagitário ( constelação vizinha ), que a deixara cair da cabeça, enquanto uma outra associa-a à coroa de glória de Apolo - feita de folhas de louro e que simbolizava a supremacia e a vitória. Este símbolo tão bem conhecido e ainda presente na nossa cultura, teve origem na mitologia grega: nela se contava que Apolo teria perseguido apaixonadamente a ninfa Dafne que, não estando disposta a corresponder, pediu aos deuses que a transformassem num loureiro. Num gesto romântico, Apolo fez com as folhas uma coroa que colocou na cabeça. Declarou sagrada esta árvore, passando a estar associada e consagrada ao próprio, que era não só o protector dos atletas, mas também uma das divindades mais poderosas entre os deuses do Olimpo. Seguindo este mito, a constelação da Coroa Austral é por vezes identificada com a coroa de louros de Apolo.
Objectos celestes mais notáveis:
- NGC 6541 - um enxame estelar globular de Mag. 6.6 , observável com telescópios modestos.
Nota: desta fotografia consta o enxame estelar globular NGC 6723, que não pertence à constelação da Coroa Austral, mas à do Sagitário. |
- NGC 6726 + NGC 6727 - duas nebulosas de reflexão muito próximas. O par apresenta uma Mag. ( global ) de 7.9 e a sua observação exige telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm e ampliações elevadas.
- NGC 6729 - uma nebulosa de reflexão de Mag. ligeiramente variável ( fenómeno originado pela estrela a que está associada ), à volta de 9.5 . Este é um objecto bastante difícil de se observar, exigindo telescópios de abertura igual ou superior a 200 mm.
- IC 4812 - uma nebulosa de reflexão associada à estrela BRS 014. Apresenta uma Mag. de 9.0 , sendo um objecto difícil de se detectar na observação directa, exigindo telescópios de abertura igual ou superior a 200 mm.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.
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Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), tem o nome próprio Alphecca Meridiana ( por vezes referida como " Alfecca Meridiana " ou " Alphekka Meridiana " ), expressão híbrida que mistura a designação árabe Alphecca, significando " quebrado ", pois o semicírculo desenhado pela constelação faz lembrar um colar partido, e a latina " Meridiana " que significa " meio-dia ". A junção de ambas torna-se numa expressão mais idiomática do que literal, pois a denominação " meridiana " associa-se ao ponto cardeal Sul, direcção para onde se estará a olhar, no hemisfério Norte, se nos virarmos para o Sol ao meio-dia, pelo que o nome próprio desta estrela pretende significar " o colar partido do Sul " - a adição da expressão latina possui o intuito de diferenciá-la da estrela Alfa da congénere do Norte, na constelação da Coroa Boreal, igualmente conhecida como " Alphecca ". É uma anã esbranquiçada de Magnitude 4.1 .
- β (Beta), é uma gigante amarela de Mag. 4.1 .
- γ (Gama), é uma dupla física ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ) composta por duas gigantes amarelas muito semelhantes, de Mag. ( global ) 4.2 , a apenas 58 anos-luz de nós. Exige telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm para que se consigam distinguir as duas componentes separadas uma da outra.
- κ (Capa), é uma dupla óptica ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é apenas fruto da perspectiva ) muito bela de se observar, facilmente separada nas duas componentes individuais com telescópios modestos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 5.8 .
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