Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Com
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Comae Berenices
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 90°N – 56°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 56°S – 77°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 2 Abr
Constelação difícil de se localizar, devido a ser constituída por estrelas de fraco brilho, podemos encontrar Coma Berenices entre Boötes e Leão - antes de ser considerada uma constelação independente, a Cabeleira de Berenice fazia parte da figura do Leão, onde representava a ponta da cauda do animal.
É uma constelação moderna, introduzida pelo cartógrafo e matemático alemão Caspar Vopel em 1536 - embora várias fontes modernas atribuam a sua autoria ao holandês Gerardus Mercator, ou ao dinamarquês Tycho Brahe, ambos se limitaram a reproduzir a ideia original de Vopel.
Apesar de não constar como uma constelação na obra de Ptolomeu, que reunia os conhecimentos gregos até então ( Séc II d.C. ), Eratóstenes já se referira anteriormente à presença da representação celeste da Cabeleira, usando-a para ilustrar o mito de Berenice. Caspar Vopel delineou a figura tal como a conhecemos hoje em dia e identificou-a em definitivo com a lenda antiga protagonizada por duas personagens históricas, Berenice II e Ptolomeu III, reis do Egipto no séc III a.C. , contemporâneos de Eratóstenes.
Segundo o mito, representa a cabeleira de Berenice, cortada pela própria rainha e oferecida aos deuses, num gesto de gratidão pelo regresso em segurança do seu marido, da guerra contra o império Selêucida - fundado onde hoje se localiza a Síria e o Irão. Este é um dos raríssimos casos em que uma constelação está associada a personagens históricas.
Berenice era conhecida por possuir cabelos de uma rara beleza que, conta a lenda, teriam sido deixados no ofertório dentro do templo. Quando regressou, Ptolomeu sentiu uma enorme tristeza pelo acto da sua esposa e pediu para ver a cabeleira cortada. Ao verificar que esta tinha desaparecido misteriosamente, procura o culpado para aplacar a sua fúria, mas Conon de Samos, o astrónomo da corte, consegue demovê-lo mostrando-lhe a constelação no céu, dizendo-lhe que, de tão agradados, os deuses tinham vindo buscar os cabelos da rainha.
De referir, como curiosidade, que o pólo Norte da nossa galáxia se encontra na direcção da Cabeleira de Berenice ( o pólo Sul pode ser localizado na direcção da constelação do Escultor ).
Objectos celestes mais notáveis:
Coma Berenices, apesar de bastante desinteressante a olho nu, está repleta de objectos celestes, incluindo imensas galáxias - que fazem parte do Aglomerado de Virgem. De entre muitos, escolheram-se os que são acessíveis a uma gama mais ampla de observadores. Pela invulgar quantidade de objectos celestes presentes nesta constelação, aconselha-se a quem possua telescópios de abertura superior a 150 mm uma observação mais demorada, com o auxílio de cartas celestes onde constem objectos até à Magnitude de, pelo menos, 12.
Na imagem ao lado podemos observar dois enxames estelares globulares em simultâneo:
- M 53 - em cima, do lado direito, o enxame estelar globular mais óbvio. De Mag. 7.7 , é um dos mais espectaculares do céu, podendo ser observado mesmo apenas com uns binóculos.
- NGC 5053 - em baixo, do lado esquerdo, vemos o enxame estelar globular mais apagado da imagem. De Mag. 9.0 , este é mais difícil de se observar com telescópios modestos.
- M 64 - uma galáxia espiral de Mag. 8.5 , também conhecida como Galáxia Olho Negro, observável com telescópios modestos.
- M 85 - uma galáxia elíptica de Mag. 9.1 , observável com telescópios modestos.
- M 88 - uma galáxia espiral de Mag. 9.6 , visível com telescópios modestos.
- M 91 - uma galáxia espiral barrada de Mag. 10.2 , de difícil observação com telescópios modestos.
- M 98 - uma galáxia espiral de Mag. 10.1 , de difícil observação com instrumentos modestos - é um dos objectos mais ténues da lista de Messier.
- M 99 - uma galáxia espiral de Mag. 9.9 , observável com telescópios modestos.
- M 100 - uma galáxia espiral de Mag. 9.3 , visível com telescópios modestos.
- Mel 111 - um enxame estelar aberto muito belo de se observar com binóculos, de Mag. ( global ) 1.8 .
- NGC 4147 - um enxame estelar globular de Mag. 10.4 , difícil de se observar mesmo com telescópios de 200 mm.
- NGC 4559 - uma galáxia espiral barrada de Mag. 9.8 , de difícil observação com telescópios modestos.
- NGC 4565 - uma galáxia espiral, também conhecida como Galáxia Agulha, de Mag. 9.6 , observável com telescópios modestos.
- NGC 4725 - uma galáxia espiral barrada de Mag. 9.2 , de difícil observação com telescópios modestos. Também é conhecida como Galáxia de um só braço, por parecer apresentar apenas um braço espiral, enquanto a larga maioria das galáxias espirais mostra um mínimo de dois braços.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.
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Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), tem o nome próprio Diadema, uma denominação moderna de origem obscura, que pretende assinalar esta estrela como sendo uma brilhante pedra preciosa na coroa que envolve a cabeleira de Berenice. É uma dupla física ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ), cujas componentes se apresentam demasiado próximas uma da outra para que possam ser observadas individualmente através da maioria dos telescópios de uso amador, de Magnitude ( global ) 4.3 . O par encontra-se a uma distância estimada de 60 anos-luz de nós.
- β (Beta), na verdade a estrela mais brilhante da constelação, suplantando a Alfa, é uma anã amarelada de Mag. 4.2 , a apenas 30 anos-luz.
- γ (Gama), é uma gigante alaranjada de Mag. 4.4 .
- 17 Comae Berenices, é uma bela dupla óptica ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é apenas fruto da perspectiva ) de Mag ( global ) 5.3 . Um telescópio modesto consegue mostrar as duas componentes individuais.
- 24 Comae Berenices, é uma belíssima dupla física de Mag. ( global ) 5.2 , fácil de se observar separada nas suas componentes individuais com telescópios modestos.
24 Comae Berenices |
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Muito rico este post! sou iniciante na astronomia e sempre fiquei curioso a respeito dessa constelaçao acho que devido ao nome tao singular para mim que nao sei nada de mitologia etc...graças a suas informações vou tentar observar o que for possível, hoje mesmo!!! obrigado
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