Aries ( Carneiro )

Dados da constelação:
Abreviatura oficial:  Ari
Genitivo usado para formar o nome das estrelas:  Arietis
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes:  90°N – 58°S 
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes:  58°S – 79°S 
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite:  30 Out


A constelação de Aries não é muito extensa, mas contém estrelas facilmente localizáveis. Em céus urbanos, procurem-se as suas duas estrelas mais brilhantes, indicadas pelas famosas " Três Marias " da constelação vizinha Orion e, em particular, pela proximidade das Plêiades ( um enxame estelar aberto facilmente identificável a olho nu ), que apontam para Aries.

É uma constelação muito antiga, inicialmente referida pela cultura babilónica mais antiga como " o camponês ", posteriormente identificada pelos Babilónios com a figura actual - " o carneiro " - e possui uma lenda grega associada:
Segundo os Gregos, o rei Atamante da Beócia havia casado segunda vez, com uma mulher de nome Ino, após ter enviuvado de Nefele com quem havia gerado dois filhos - um rapaz de nome Frixo e uma rapariga chamada Hele. A recente esposa do rei não suportava a presença dos jovens, pelo que arquitectou um plano para se livrar deles: disseminou uma doença nos campos do reino, de forma a que não produzissem colheitas. Quando o rei consultou o Oráculo para saber o que motivava o problema, Ino subornou os mensageiros no Oráculo, pedindo-lhes que informassem o rei que os deuses pretendiam que este lhes sacrificasse os seus dois filhos. Atamante assim procedeu, mas Nefele, observando tudo a partir dos céus, pediu aos deuses que tivessem misericórdia dos filhos e enviassem um carneiro dourado que os salvasse. Quando o rei se preparava para sacrificá-los, o carneiro dourado surgiu no cume do monte, deixou que Frixo e Hele montassem no seu dorso e, elevando-se no ar, levou-os em segurança em direcção à região de Colchis, nas montanhas do Cáucaso. Embora o rapaz tenha conseguido chegar ao destino, o mesmo não aconteceu a Hele, que se desequilibrou e caiu no mar, numa área que une o Mar Egeu e o Mar Negro, através do Mar de Mármara, tendo por isso ficado conhecido como " Hellespont " para os Gregos - o actual estreito de Dardanelos. Como agradecimento pelo seu resgate, Frixo sacrificou o carneiro dourado a Zeus e ofereceu o tosão ( a pele do carneiro, com a sua lã ) ao rei de Colchis, Eetes ( ou Eates ). O rei retribuiu, permitindo a Frixo desposar a sua filha. O tosão dourado teria sido então colocado nos ramos de uma árvore, guardado eternamente por um animal mítico, semelhante a um dragão ou serpente, que nunca dormia.
Mais tarde, conta a lenda que um primo da personagem principal do episódio anterior, de nome Pélias, induzido pela alma do já falecido Frixo, usurpou o legítimo direito ao trono do reino de Iolco que pertenceria a Jasão. Não podendo matar Jasão, Pélias lançou-lhe o desafio de trazer o famoso tosão dourado em troca do reino, esperando que nunca regressasse. No entanto, após várias peripécias, navegando no mítico navio Argo com os seus companheiros Argonautas, Jasão recuperou o tosão dourado e retornou a Iolco, apenas para descobrir que Pélias havia conseguido eliminar os seus progenitores. Exilou-se em Corinto, de onde formulou a sua vingança, levando as filhas de Pélias a matarem o próprio pai. Em memória ao heroísmo de Jasão, Zeus teria então colocado a imagem do carneiro dourado eternamente nos céus.

Há 4 500 anos situava-se na constelação do Carneiro o Ponto Vernal - posição do Sol no início da Primavera no hemisfério Norte e que serve como referência para início da contagem da coordenada celeste Ascensão Recta, semelhante à coordenada geográfica Longitude. Devido à precessão dos equinócios este deslocou-se para a constelação de Peixes mas, apesar disso, o Ponto Vernal continuou a ser conhecido como " Primeiro Ponto de Aries ".
Mais informações sobre o " Primeiro Ponto de Aries " aqui.
Sobre a Precessão dos Equinócios aqui.

Objectos celestes mais notáveis:

 

- NGC 772 - uma galáxia espiral de Mag. 10.3 , muito difícil de se observar com telescópios modestos.

Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:

Clicar na imagem para ampliar o mapa

 Mapa com fundo branco

Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.

Clicar na imagem para ampliar o mapa

Existe um asterismo famoso em Aries, que chegou a ser identificado como uma constelação independente, recusada pela I.A.U. aquando da divisão oficial do céu em 88 constelações modernas:
- 35 Arietis + 39 Arietis + 41 Arietis - formam um desenho conhecido como Mosca do Norte ( " The Northern Fly " ), em paralelismo com a constelação do hemisfério Sul, reconhecida oficialmente pela I.A.U. , de nome Musca ( Mosca ).

Estrelas mais notáveis:

- α (Alfa), tem o nome próprio Hamal, de uma expressão árabe que denominava a constelação como um todo, significando o " Cordeiro ", na qual esta era a estrela principal que assinalava " a Cabeça do Cordeiro ". É uma gigante amarelada de Magnitude 2.0 , a apenas 66 anos-luz de distância.
- β (Beta), tem o nome próprio Sheratan - a palavra provém de uma expressão árabe, mas estava originalmente associada a duas estrelas, a Beta e a Gama, e o significado refere-se à duplicidade de algo ( " as duas coisas " ) cuja natureza se perdeu nos registos históricos. É uma dupla física ( a proximidade entre as componentes é real ), cujas constituintes se encontram demasiado próximas uma da outra para que possam ser observadas individualmente com instrumentos ópticos, de Mag. ( global ) 2.6 , a apenas 59 anos-luz.
- γ (Gama), tem o nome próprio Mesarthim - a denominação resulta de uma sequência de corrupções do termo original árabe " Sheratan ", que nomeava igualmente a estrela Beta da constelação ( leia-se o texto acima, referente a esta última ). É uma dupla óptica ( a proximidade das suas duas componentes não é real, mas fruto da perspectiva ) de Mag. ( global ) 3.9 . É uma observação interessante de se fazer com telescópios modestos, pois a separação entre ambas é bastante óbvia.

Mesarthim ( Gama Arietis )

- δ (Delta), é por vezes referida pelo nome próprio Botein, do árabe significando " barriga " - o nome referia-se originalmente não a uma estrela apenas, mas a um asterismo formado por várias que, para os Árabes antigos, desenhavam a barriga do Carneiro. É uma gigante avermelhada de Mag. 4.3 .
- λ (Lambda), é uma dupla física de Mag. ( global ) 4.8 , muito interessante de se observar com telescópios modestos.

Lambda Arietis

- 30 Arietis, é outra dupla física muito interessante com telescópios modestos, apesar de mais difícil de encontrar por apresentar uma Mag. ( global ) de 6.4 , pelo que não é visível a olho nu. Observe-se esta dupla na imagem:

30 Arietis

- 41 Arietis, apesar de não possuir nenhum nome próprio, nem sequer uma letra do alfabeto grego associada, é a 3ª estrela mais brilhante da constelação. É uma estrela branca de Mag. 3.6 .

_____________________________________________________________________________________________