A necessidade de encontrar um método universalmente reconhecido para assinalar, com precisão, a localização de um lugar na superfície da Terra levou à definição de duas coordenadas - Latitude e Longitude.
A Latitude é usada desde há muito tempo - é medida a partir do Equador ( 0 º ) em direcção aos pólos ( 90 º - valores positivos, em direcção ao pólo Norte ou indicação com a letra " N " / - 90 º - valores negativos, em direcção ao pólo Sul ou indicação com a letra " S " ). A Latitude sempre foi muito útil para os navegadores antigos, porque basta medir-se a elevação da Estrela Polar relativamente ao horizonte para se determinar a Latitude a que nos encontramos ( no caso de nos encontrarmos no hemisfério Sul, é na constelação de Octans que encontramos a referência polar ) . Por exemplo, a cidade de Lisboa encontra-se a ( aproximadamente ) 39º N . Se medirmos, em Lisboa, a elevação angular da Estrela Polar relativamente ao horizonte, verificaremos que esta se encontra ( sempre ) a 39 º de altura.
A Longitude, foi mais complicada de se definir...foi, inclusive, lançado um " concurso " para que alguém conseguisse encontrar um método prático de a calcular. Só se conseguiu começar a usar esta referência quando se conseguiram fabricar relógios suficientemente precisos. Foi então estabelecida a linha de referência para início de contagem da Longitude. A partir do meridiano de Greenwich ( 0 º ), para Este ( valores positivos ou indicação " E " ) ou Oeste ( valores negativos ou indicação " O " ). Como existem 24 meridianos de referência, a distância entre cada um corresponde a uma hora solar.
Quando olhamos para o céu, temos a noção de estarmos envolvidos por uma esfera que roda sobre um eixo centrado na Terra. Este facto inspirou a teoria geocêntrica de Aristóteles e Ptolomeu. Ora esta perspectiva é perfeita para encontrar um método universal de coordenadas para localização dos objectos celestes. À semelhança da esfera da superfície da Terra, é imaginada no céu uma esfera celeste que nos envolve. Esta esfera celeste tem os mesmos pontos de referência que encontramos na superfície da Terra e que são imaginados a partir do prolongamento desses pontos. Assim, encontramos, no prolongamento do pólo Norte da Terra, o Pólo Norte Celeste ( onde se encontra a Estrela Polar ). No prolongamento do ponto onde se localiza o pólo Sul da Terra, encontramos o seu correspondente celeste ( o Pólo Sul Celeste, na constelação de Octans ). No prolongamento do Equador terrestre, encontramos, no céu, uma linha paralela e imaginária denominada Equador Celeste. Da mesma forma. cada meridiano das coordenadas geográficas da Terra tem uma linha correspondente no céu, paralela a cada meridiano. Portanto, fez-se corresponder à Latitude uma coordenada celeste denominada " Declinação ", que é medida em graus, a partir do Equador Celeste e que varia em valores positivos até ao Pólo Norte Celeste ( 90º ) ou valores negativos até ao Pólo Sul Celeste ( - 90 º ). Fez-se, igualmente, corresponder à Longitude uma coordenada celeste denominada " Ascensão Recta ", que é medida em Horas, Minutos e Segundos de tempo ( e não de grau ) a partir de uma linha ( à semelhança do Meridiano de Greenwich, mas não coincidente com este ) chamada " Primeiro Ponto de Aires " , ou " Ponto Vernal " ( 0 H ), e que progride no sentido anti-horário quando observada no hemisfério Norte e no sentido contrário quando observada no hemisfério Sul.
Com este sistema podem ser localizados, com precisão, por qualquer observador, a partir de qualquer ponto da Terra e em qualquer altura, todos os corpos celestes.
Por exemplo, a Estrela Polar encontra-se, apontando um telescópio para A.R. ( Ascensão Recta ) 02 h 31m 08s e Dec. ( Declinação ) + 89º 15 ´ 06 ´´ ( muito próximo dos 90º do Pólo Norte Celeste ) .
M 77 ( uma galáxia espiral barrada na constelação de Cetus ( Baleia ) ) está na A.R. 02 h 42m 07s e Dec. - 00º 01´ ( muito próximo do Equador Celeste ) .
Notas:
- O símbolo " ´ " corresponde a " minuto(s) de grau ".
- O símbolo " ´´ " corresponde a " segundo(s) de grau ".
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