Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Aqr
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Aquarii
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 65°N – 86°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 90°N – 65°N / 86°S – 90°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 25 Ago
Aquário é uma das constelações mais antigas traçadas no céu, fazendo parte da cultura suméria, berço da civilização. Localiza-se a Sul de Pégaso e Peixes, podendo usar-se como referências a relativa proximidade da constelação vizinha, mais óbvia, da Águia, onde brilha a estrela Altair, ou a brilhante estrela " Fomalhaut " da constelação vizinha do Peixe Austral, desde que o observador se encontre em latitudes em que esta última seja visível ( desde 90º Sul até 60º Norte ). É extensa, mas composta por estrelas pouco brilhantes, pelo que não é uma constelação óbvia - em céus pouco escuros apenas serão visíveis as suas duas estrelas principais ( Alfa e Beta ).
Na cultura babilónica, representava um homem ( provavelmente o deus sumério, Senhor da Terra, " Enki " - deidade da água doce ) a verter água de um jarro para dentro da boca do Peixe Austral ( constelação situada a Sul de Aquário ). Esta lenda ilustrava o episódio de um " Grande Dilúvio " que teria dizimado grande parte da Humanidade e identificava o Peixe Austral como a personagem que salvaria a Terra de ser engolida pelas águas, ao beber o dilúvio.
A mitologia grega, que terá assimilado a constelação original dos Sumérios, associava a figura de Aquário com " o mais belo jovem ", um príncipe de nome Ganímedes. Filho do fundador da cidade de Tróia, Ganímedes foi raptado por Zeus para servir nos banquetes dos deuses no monte Olimpo, e também para seu amante - esta lenda legitimava a homossexualidade aos olhos do povo grego. Segundo uma versão, Zeus teria enviado a sua águia com essa missão, enquanto outra versão do mito refere que o próprio Zeus se teria transformado em águia ( representado na constelação da Águia ) e raptado o jovem enquanto este pastoreava o rebanho do seu pai. Outra variante da história refere que Ganímedes havia sido levado por Eos, deusa do amanhecer, conhecida pelas suas paixões impetuosas e despreocupadas, e posteriormente cobiçado e raptado por Zeus.
O mito grego que refere um " Grande Dilúvio " que se terá abatido sobre a Terra ( equivalente ao que é referido na Bíblia ) identifica a personagem desenhada por esta constelação como sendo o portador da ânfora de onde jorrava a água do dilúvio.
Objectos celestes mais notáveis:
- M 2 - um enxame estelar globular de Mag. 6.5 , visível com binóculos.
- M 72 - de Mag. 9.4 , este é um dos enxames estelares globulares da Lista de Messier mais difíceis de se observar. Por ser pouco denso e se encontrar mais distante ( a cerca de 53,000 anos-luz de nós ) que a maioria dos que constam desse catálogo, apresenta-se ténue e de reduzidas dimensões. Observável, com dificuldade, através de um telescópio modesto.
- M 73 - este é mais um dos objectos curiosos da Lista de Messier: durante muito tempo acreditou-se ser um enxame estelar aberto - um grupo de estrelas nascidas da mesma nuvem de gás. No entanto, veio a provar-se que as suas componentes não estão relacionadas de nenhuma forma umas com as outras, nem partilham uma origem comum. Por isso, este objecto não passa de um simples asterismo famoso - um alinhamento fortuito de estrelas, fruto da nossa perspectiva. Apresenta uma Mag. de 9.0 e pode ser observado com telescópios modestos.
- NGC 7009 - uma nebulosa planetária de Mag. 8.0 , também conhecida como Nebulosa Saturno por apresentar um aspecto muito semelhante ao de Saturno, quando observada através de telescópios de abertura reduzida ou média. Com telescópios modestos ( abertura inferior a 150 mm ) as semelhanças com Saturno são evidentes, mostrando tonalidades esverdeadas quando observada com telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm.
- NGC 7293 - uma nebulosa planetária de Mag. 6.5 , também conhecida como Nebulosa da Hélice. Algo difícil de se observar com telescópios modestos, por ser muito extensa e com pouco contraste. O facto de ser a nebulosa planetária mais próxima de nós ( 500 anos-luz ) torna-a bastante extensa no céu, reduzindo o seu brilho na observação através de telescópios. Consegue ser vista através de binóculos, em céus muito escuros, por vezes exigindo o uso da visão lateral do observador.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
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- γ (Gama) + η (Eta) + π (Pi) + ζ (Zeta) formam um desenho ( com o aspecto de um " Y " ) conhecido como Jarro de Água ( " Water Jar " ).
Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), tem o nome próprio Sadalmalek ou Sadalmelik, de uma expressão árabe que refere " as estrelas da sorte do rei ( ou reino ) ", e apresenta uma Magnitude de 3.0 . É uma estrela supergigante amarelada.
- β (Beta), tem o nome próprio Sadalsud, da mesma expressão árabe que refere " as estrelas da sorte do rei ( ou reino ) ", mas especificando " as de maior sorte de entre todas " - de facto, esta designação englobava, não só a Beta de Aquário, como também 2 outras, uma delas na constelação do Capricórnio. É uma supergigante amarela de Mag. 2.9 .
- γ (Gama), tem o nome próprio Sadachbia, de uma expressão árabe que menciona " a estrela da sorte das tendas ", visto que faz parte de um asterismo, hoje em dia conhecido como o " Jarro de Água ", que os Árabes identificavam como sendo uma tenda no deserto. É uma estrela branca de Mag. 3.8 .
- δ (Delta), tem o nome próprio Skat, do árabe, significando " canela " ( da perna ), pois assinala a perna da figura representada pela constelação. É uma anã branca de Mag. 3.3 .
- ε (Épsilon), tem o nome próprio Albali, de uma expressão árabe atribuída a um pequeno conjunto de estrelas e que refere " aquele que engole " - o significado torna-se obscuro pois os Árabes visualizariam uma constelação diferente nesta área do céu. É uma anã branca de Mag. 3.8 .
- ζ (Zeta), é uma dupla ( neste caso, física - a proximidade entre as componentes é real ) famosa, de Mag. ( global ) 3.7 , formada por duas estrelas brancas de Mag. 4.3 e 4.5 . Um telescópio modesto consegue mostrar as constituintes separadas uma da outra, tal como nesta imagem:
Zeta Aquarii |
- π (Pi), tem o nome próprio Seat, uma designação atribuída durante o Séc XVI, fruto da interpretação de uma expressão tradicional na cultura árabe, em nada relacionada com a constelação, que significa " a estrela da sorte no que é misterioso ". É uma estrela anã azulada de Mag. 4.7 .
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seu blog é muito bom, mas se possivel coloque seu nome para poder ser referenciado em trabalhos, grato
ResponderEliminarGabriel Leandro Revelo
Muito obrigado pelo elogio, Gabriel. Quanto a colocar o meu nome, este blogue, apesar de ser fruto de uma investigação cuidada, não pretende ser um trabalho académico, mas um ponto de partida para que os leitores mais interessados direcionem os seus próprios estudos. Por pretender somente partilhar o resultado da minha investigação, não me parece relevante assinar estes textos. Dos trabalhos que tenho encontrado e que usaram os meus textos como fonte, os autores têm optado apenas por respeitar o meu pedido: referir que este blogue foi usado como fonte e colocar o endereço do mesmo ( http://astronomia-para-amadores.blogspot.pt ).
EliminarJorge
por que existe a variação de posições da constelação de aquário?
ResponderEliminarNão existem representações oficiais das figuras que se imaginam nas constelações. É por essa razão que pode encontrar ilustrações variadas para cada uma dessas personagens. No caso da personagem associada à constelação de Aquário, por exemplo, alguns autores representaram-na de pé, outros apoiada num dos joelhos, entre várias outras diferenças menos óbvias. Tal como no caso das outras constelações, nenhuma dessas representações é oficial ou mais correcta: todas são válidas.
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