Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Vul
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Vulpeculae
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 90°N – 61°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 61°S – 71°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 25 Jul
A Raposa ( ou Raposinho ) é uma das constelações introduzidas pelo astrónomo polaco Hevelius na sua obra " Firmamentum Sobiescianum ", publicada em 1690, após a sua morte. Dotado de uma acuidade visual extraordinária, a que o próprio se referia algumas vezes para gracejar com os seus contemporâneos - a constelação do Lince, por exemplo, foi imaginada por este astrónomo, que sublinhava ser necessária uma " visão de Lince " para localizá-la - Hevelius chamou a esta constelação " Vulpecula cum Anser " ( " A Raposa e o Ganso " ), por nela conseguir visualizar uma raposa com um ganso na boca. Sendo, desde logo, uma constelação difícil de se observar por ser constituída por estrelas de fraco brilho, a maior parte das que formam a figura do ganso imaginado por Hevelius contam-se entre as menos brilhantes, pelo que não são fáceis de detectar a olho nu para a larga maioria dos observadores. Também por esta razão, se abreviou o nome da constelação para " Vulpecula ", apenas. Embora seja bastante difícil de se localizar no céu, pode ser usada como referência a proximidade de estrelas bastante óbvias nas constelações vizinhas Cisne ( nomeadamente, " Albireu " ) e Lira ( Vulpecula encontra-se relativamente próxima de uma estrela muito brilhante, a Alfa da Lira - de nome próprio " Vega " ).
Devido à sua origem moderna, não possui qualquer lenda associada, embora Hevelius referisse que a Raposa levava o ganso na boca para oferecê-lo a Cerberus, uma das constelações de sua autoria que representava o famoso cão do mito dos 12 trabalhos de Héracles e que, ao contrário de Vulpecula, nunca chegou a ser reconhecida oficialmente.
Objectos celestes mais notáveis:
- M 27 - uma nebulosa planetária de Mag. 7.3 , também conhecida como Nebulosa Haltere ( " Dumbbell Nebula " ), possível de se localizar com binóculos em céus muito escuros. Mesmo com telescópios de abertura reduzida, é frequentemente referida como uma das mais belas nebulosas do céu.
- NGC 6820 - uma nebulosa de emissão difícil de se estudar, mesmo com telescópios de 200 mm. Um filtro OIII ( para o oxigénio duplamente ionizado ) facilitará a sua observação.
No centro da nebulosa é visível um enxame estelar aberto, de Mag. 7.1 , denominado NGC 6823, observável com telescópios modestos.
- NGC 6885 - um enxame estelar aberto de Mag. 5.7 , observável com telescópios modestos. Na imagem ao lado, onde podemos ver duas áreas clareadas digitalmente, o NGC 6885 encontra-se no círculo inferior, dominado por uma estrela brilhante ( esta é a 20 Vulpeculae ), do qual faz parte.
O círculo superior assinala outro enxame estelar aberto, menos óbvio, por conter estrelas menos brilhantes, denominado NGC 6882. Este último pode ser igualmente observado com telescópios modestos, mas apresentar-se-á bastante pobre nestes instrumentos.
- NGC 6940 - um enxame estelar aberto de Mag. 6.3 , difícil de ser localizado, mas muito interessante com telescópios modestos.
- CR 399 - ( Collinder 399 ), também conhecido como Cabide ou Enxame de Brocchi, é um asterismo muito curioso. Não se trata de um enxame estelar, pois a estrelas que o compõem não estão relacionadas entre si, mas a perspectiva apresenta-nos estas estrelas desenhando, de forma óbvia, um cabide de pendurar a roupa. Para além disso, é surpreendente a forma como seis das estrelas mais brilhantes definem aos nossos olhos uma recta perfeita, praticamente alinhada, nas coordenadas da esfera celeste, na direcção Este-Oeste. Outra das particularidades interessantes deste objecto celeste é a estrela Struve 2521, uma das 4 estrelas que desenham o gancho do cabide ( na imagem é a estrela que apresenta a tonalidade alaranjada mais marcada, a que se encontra do lado esquerdo na metade inferior ), de cuja natureza múltipla uns binóculos mostrarão a componente principal e duas companheiras de brilho mais fraco. O Cabide apresenta uma Mag. ( média ) de 3.6 , pelo que é visível a olho nu. É um dos alvos mais procurados pelos observadores que usam binóculos e, de facto, uma visão maravilhosa através deste instrumento.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
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Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), é uma gigante vermelha de Magnitude 4.4 , por vezes denominada Anser, por assinalar a figura do ganso visualizado por Hevelius na sua constelação original " Vulpecula cum Anser " ( " A Raposa e o Ganso " ). Uns binóculos conseguem mostrar que é uma dupla óptica ( a proximidade entre as componentes é apenas fruto da perspectiva ), com uma "companheira" de brilho mais reduzido.
- 1 Vulpeculae, é uma estrela branco-azulada de Mag. 4.8 .
- 13 Vul, é uma estrela branca de Mag. 4.6 .
- 15 Vul, é uma estrela branca de Mag. 4.6 .
- 23 Vul, é uma gigante alaranjada de Mag. 4.5 .
- 31 Vul, é uma gigante amarela de Mag. 4.6 .
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