Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Cru
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Crucis
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 25°N – 90°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 34°N – 25°N
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 28 Mar
Constelação muito fácil de se localizar por, apesar de ser a mais pequena de todas as constelações oficiais, apresentar um formato bastante óbvio, desenhado por estrelas brilhantes, o Cruzeiro do Sul é reconhecido no céu desde há muitos séculos atrás por várias culturas ancestrais do hemisfério Sul.
Na cultura europeia, começou por fazer parte da constelação do Centauro, enquanto foi visível para os Gregos antigos - a precessão dos equinócios fez com que o Cruzeiro do Sul fosse progressivamente deixando de ser acessível para os observadores no hemisfério Norte, até se perder totalmente o conhecimento da sua existência. As expedições marítimas iniciadas pelos Portugueses e Espanhóis durante os Descobrimentos trouxeram novamente as estrelas desta constelação ao conhecimento dos astrónomos europeus, sendo que o primeiro registo moderno conhecido do Cruzeiro do Sul aparece numa carta de Mestre João, tripulante de Pedro Álvares Cabral, ao rei de Portugal, D. Manuel I. Neste documento datado de 1500, o redactor traça um esboço reconhecível das estrelas do Cruzeiro do Sul e refere-se à figura denominando-a " a cruz ".
Em 1589, Petrus Plancius faz a primeira tentativa de representar num mapa celeste a constelação como figura independente, mas a cruz que inclui na sua obra aparece localizada numa área totalmente distinta da realidade. Num globo celeste de 1598, após ter pedido aos navegadores Frederick de Houtman e Pieter Keyser que cartografassem o céu do hemisfério Sul, o astrónomo holandês corrigiu o erro e realiza o primeiro registo correcto do Cruzeiro do Sul como constelação independente, continuando a reproduzi-la nos trabalhos que realizou posteriormente.
Johann Bayer, na sua influente obra Uranometria, de 1603, limita-se a delinear a cruz timidamente, mas não só erra na localização correcta das estrelas do Cruzeiro do Sul, mas também não a considera uma constelação própria.
Em 1624, seguindo os dados de Frederick de Houtman e Pieter Keyser e a obra de Petrus Plancius, Jacob Bartsch assimila o Cruzeiro do Sul como constelação independente, representando-a com rigor num mapa celeste de sua autoria - na imagem a que se acede a partir do link, Crux pode ser localizada no canto inferior direito.
Em 1690, Hevelius também já reproduz a constelação como figura independente e por esta altura o Cruzeiro do Sul era amplamente reconhecido e divulgado pelos astrónomos europeus.
É usada para localizar o Pólo Sul Celeste, visto que o mesmo se encontra numa constelação demasiado débil ( Octans ) - neste método, basta seguir a linha formada pela Alfa e Gama ( o topo e base da cruz ) do Cruzeiro do Sul, cerca de 4 vezes e meia a distância desse segmento.
Como curiosidade, refira-se que as estrelas Alfa, Beta e Delta fazem parte do agrupamento de estrelas OB ( estrelas mais maciças ) mais próximo de nós, chamado " Associação ( ou agrupamento ) Scorpius-Centaurus ".
A constelação está representada nas bandeiras do Brasil ( e também no seu brasão de armas ), Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Samoa e Niue, entre outras bandeiras regionais, locais, de associações científicas, económicas ( a bandeira da Mercosul ) ou desportivas ( por exemplo, no clube brasileiro de futebol Cruzeiro Esporte Clube ).
Na cultura aborígene australiana, o deus Emu ( uma ave semelhante à avestruz ) está representado no céu por uma parcela da Via Láctea, sendo o topo da cabeça da figura desenhado pelo Cruzeiro do Sul e o olho assinalado pela nebulosa escura conhecida como Saco de Carvão;
Na cultura Hindu, o Cruzeiro do Sul representa o rei lendário Trishanku;
Para os Maori, era " Te Punga " - a âncora;
Em Tonga, era " Toloa " - um pato a voar para Sul, ferido numa das asas por uma pedra atirada por dois homens ( representados pela Alfa e Beta do Centauro );
Para os Tuaregs, as quatro estrelas mais brilhantes representavam quatro árvores no deserto;
Na Indonésia e Malásia é vista como uma raia marinha;
Para os Mapuches da Patagónia, é conhecida como " Melipal " ( " quatro estrelas " );
Para os Incas, era " Chakana " ( de " chakai ", que significa " cruzar " ).
Objectos celestes mais notáveis:
- NGC 4103 - um enxame estelar aberto de Mag. 7.4 , observável com telescópios modestos.
- NGC 4349 - um enxame estelar aberto de Mag. 7.4 . Pode ser observado com telescópios modestos, mas aconselham-se céus escuros.
- NGC 4609 - um enxame estelar aberto de Mag. 6.9 , observável com telescópios modestos.
- NGC 4755 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.2 , maravilhoso de se observar, mesmo apenas com uns binóculos. Também é conhecido como Caixa de Jóias ( designação atribuída por John Herschel ), pela beleza da sua observação, ou Enxame K Crucis, por conter a estrela K ( Capa ) da constelação - na imagem, esta é a mais brilhante e central, em tons de azul, do pequeno aglomerado de estrelas mais denso que vemos na metade inferior, do lado esquerdo.
Caso dúvidas subsistam, amplie-se a imagem publicada imediatamente abaixo para localizar esta estrela.
Insiste-se neste facto porque a larga maioria das fontes sobre o assunto, incluindo algumas de entre as mais conceituadas e fiáveis, assinala uma estrela diferente como sendo a K Crucis, disseminando e alimentando um erro.
Localização da K Crucis |
- Saco de Carvão - a nebulosa escura mais óbvia de todo o céu e, muito provavelmente, a mais próxima de nós. Num céu transparente e isento de poluição luminosa, é visível a olho nu como uma mancha escura contra a imagem da Via Láctea. No mapa abaixo, a área correspondente ao Saco de Carvão está preenchida a azul ( no mapa com fundo branco, apresenta-se em amarelo ).
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
Clicar na imagem para ampliar o mapa |
Mapa com fundo branco
Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.
Clicar na imagem para ampliar o mapa |
Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), tem o nome próprio Acrux, da junção entre " Alfa " e " Crux ", sendo por vezes igualmente denominada Estrela de Magalhães. É um sistema triplo de estrelas ligadas pela gravidade, de Magnitude ( global ) 0.7 . Um telescópio modesto consegue mostrar as duas componentes principais separadas uma da outra.
Acrux ( Alfa Crucis ) |
- γ (Gama), tem o nome próprio Gacrux, da junção entre " Gama " e " Crux ", sendo por vezes igualmente denominada Rubídea. É uma dupla óptica ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é fruto apenas da perspectiva ), muito bela e possível de se observar separada nas componentes individuais com instrumentos modestos. Apresenta uma Mag. ligeiramente variável, à volta de 1.6 .
Gacrux ( Gama Crucis ) |
- ε (Épsilon), é uma gigante alaranjada de Mag. ligeiramente variável, à volta de 3.6 . Também é conhecida popularmente como Intrometida, por se mostrar " a mais " no desenho perfeito de uma cruz.
- ι (Iota), é uma dupla óptica, facilmente separada nas componentes individuais através de telescópios modestos, de Mag. ( global ) 4.7 .
- μ (Miú), é uma dupla física, fácil de se observar separada nas duas componentes individuais com telescópios modestos, de Mag. ( global ) 3.8 .
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Parabens pelas excelentes imagens e informaçoes a respeito dos aglomerados abertos
ResponderEliminarConsigo vê-la da janela do meu quarto. É uma ótima companhia!
ResponderEliminargostei muito bom
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