Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Oct
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Octantis
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 0° – 90°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 25°N – 0°
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: Data indefinida*
( * o ponto médio da constelação encontra-se demasiado próximo do Pólo Celeste )
Octans é uma de entre 14 constelações modernas introduzidas por Lacaille na década de 50 do Séc XVIII, na sua larga maioria bastante difíceis de serem encontradas no céu. Esta figura é constituída por estrelas de brilho muito reduzido, pelo que se costuma usar como referência na sua localização o Cruzeiro do Sul, que aponta na direcção de Octans.
O instrumento que a inspirou, o Octante de Reflexão, era uma inovação recente na época de Lacaille, tendo sido imediatamente adoptado pelo astrónomo francês nas suas observações do céu. Semelhante a um Sextante Náutico ( sextante de reflexão - não confundir com o Sextante Mural ou com o Sextante de Pedestal, muito mais antigos ) era utilizado para o mesmo fim - a grande diferença entre eles era a amplitude de ângulos que podiam medir: enquanto um Sextante Náutico apresentava a forma de uma sexta parte de um círculo ( 60º ) e permitia medir ângulos até 120º; um Octante de Reflexão apresentava a forma de um semicírculo de 45º ( 1 oitavo de um círculo, origem da denominação " Octante " ), permitindo medir ângulos até 90º.
Historicamente, o Octante de Reflexão surgiu da necessidade de se encontrar um instrumento mais prático e preciso do que os que eram usados até então - uns, pouco fiáveis, enquanto outros, como o Quadrante e o Sextante ( nas variantes Mural ou de Pedestal ), ambos de grande porte, necessitavam de estar montados e fixos em terra firme -, tendo acabado por ser substituído pelo Sextante Náutico, que o suplantou nestes aspectos.
Exemplifica-se a utilização de um sextante, que é semelhante à de um octante. |
O utilizador olhava, através de uma ocular, em direcção ao horizonte. Depois movia um marcador que deslizava através de uma escala graduada, o que fazia mover o espelho que estava no outro extremo.
Este espelho trazia à vista do utilizador o astro ( o Sol ou uma estrela ) cuja altura angular relativamente ao horizonte pretendia medir. Durante este processo via, em simultâneo, a imagem do horizonte e a imagem dada pelo espelho. Alinhava o astro com o horizonte e registava, posteriormente, qual o ângulo marcado na escala. Podia consultar algumas tabelas oficiais para tirar ilações quanto à latitude a que se encontrava.
Relacionando o propósito do uso de um octante com o facto de esta zona do céu conter o ponto de referência principal da navegação no hemisfério Sul - o Pólo Sul Celeste -, Lacaille pretendeu enfatizar estes aspectos, " colocando " o Octante nesta área do céu. Para além de permitir calcular a latitude, este instrumento era igualmente valioso para os astrónomos, e em particular para o próprio Lacaille, pois podia ser usado para medir as distâncias ( em ângulos ) entre as estrelas, revelando-se essencial para desenhar mapas do céu com precisão.
O principal aspecto que torna Octans célebre é o facto de nela podermos encontrar actualmente o Pólo Sul Celeste, marcado pela estrela σ Oct ( Sigma Octantis ). No entanto, sendo esta constelação formada por estrelas de fraco brilho, a Sigma Octantis é uma das menos brilhantes, constituindo um desafio encontrá-la dentro de uma figura já de si difícil de descortinar. Devido a estes entraves, é mais frequente usar-se a constelação vizinha do Cruzeiro do Sul para localizar o Pólo Sul Celeste - basta prolongar a linha formada pelas estrelas Alfa e Gama ( o topo e a base da cruz ) do Cruzeiro do Sul, cerca de 4 vezes e meia a distância desse segmento.
Outra particularidade de Octans é o facto de, apesar de possuir uma estrela catalogada como Alfa, esta ser tão apagada que se encontra fora da lista das 5 mais brilhantes da constelação. É por isso considerada a estrela Alfa mais negligenciada de todas as estrelas Alfa do céu.
Relativamente a este facto, apesar de ser habitual referir-se que o método adoptado por Bayer, e seguido por astrónomos posteriores, consistia na ordenação das estrelas de cada constelação por ordem de brilho, atribuindo a cada uma a letra grega correspondente segundo a ordem deste alfabeto, em rigor o processo não era tão linear assim.
Objectos celestes mais notáveis:
- Mel 227 - um enxame estelar aberto de Mag. 5.3 , observável com binóculos. A sua designação deve-se ao facto de constar de um catálogo de enxames estelares, célebre entre os astrónomos amadores, compilado em 1915 por Melotte.
- NGC 2573 - uma galáxia espiral apenas visível com telescópios de abertura considerável ( superior a 200 mm ). A particularidade que o torna notável é o facto de ser o objecto celeste de características nebulosas ( quando observado através de telescópios ) e, portanto, referenciado no catálogo de Dreyer ( " NGC " ), mais próximo do ponto que marca o Pólo Sul Celeste. Foi-lhe por isso atribuída a denominação Nebula Polarissima Australis. Apresenta uma Mag. de 13.8 , fora do limite de detecção ( directa ) de telescópios com abertura inferior a 200 mm.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
Mapa com fundo branco
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Estrelas mais notáveis:
- β (Beta), é uma estrela branca de Magnitude 4.1 .
- δ (Delta), é uma estrela alaranjada de Mag. 4.3 .
- ν (Niú), é a estrela mais brilhante da constelação, a cerca de 62 anos-luz de nós, mas apresenta uma Mag. ( global ) de apenas 3.7 . Consiste, na verdade, num sistema duplo de natureza física ( a proximidade entre as estrelas que o constituem é real ), cujas componentes se encontram demasiado próximas uma da outra para que seja possível observá-las individualmente com instrumentos ópticos.
- σ (Sigma), é a estrela Polar do hemisfério Sul - tem por isso o nome próprio Polaris Australis. É uma gigante esbranquiçada de Mag. ligeiramente variável, à volta de 5.5 , difícil de detectar a olho nu.
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