Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Lyr
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Lyrae
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 90°N – 42°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 42°S – 64°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 4 Jul
Constelação de localização óbvia por conter Vega, a 2ª estrela mais brilhante do hemisfério (celeste) Norte e a 5ª mais brilhante de todo o céu, a Lira pode ser encontrada nas imediações do Cisne e da Águia.
A sua origem é muito antiga, estando igualmente presente na cultura grega, que nela via a representação do instrumento musical inventado pelo deus Hermes, a partir da carapaça de uma tartaruga. A Lira era tocada de forma sublime por Orfeu, uma das figuras mitológicas que participaram na viagem de Jasão, com os Argonautas, em busca do Velo Dourado. Segundo a lenda, Orfeu ficara irremediavelmente apaixonado pela sua falecida esposa, Eurídice, negando-se a dar atenção a outras mulheres - situação delicada, pois quando tocava a Lira qualquer mulher que o ouvisse se enamorava perdidamente pelo músico. Desceu então ao mundo dos mortos para resgatar Eurídice e conseguiu um acordo nesse sentido, mas Orfeu não poderia olhar para trás, enquanto o espírito da esposa o seguisse para fora do reino das almas. Prestes a conseguir recuperá-la, o músico não resiste e olha para trás, junto à entrada para o mundo dos vivos, apenas para vislumbrar o espírito de Eurídice a cair de volta para o abismo.
Frustradas pela falta de atenção por parte de Orfeu para com elas, algumas mulheres matam-no e atiram a Lira ao rio. Numa versão diferente, conta-se que teria sido Dionísio que, tomado de inveja por Orfeu dedicar as suas músicas a Apolo, enviou os seus seguidores para assassinarem o músico.
Zeus ordena então a um abutre que recolha a Lira e a coloque no céu, em memória da arte de Orfeu. É por esta razão que algumas ilustrações da constelação mostram a Lira envolta na figura de uma ave ( um abutre, águia ( de Zeus ) ou corvo ( de Apolo - ver próximo parágrafo) ).
Uma variante do mito conta que a Lira teria sido arremessada pelo angustiado Orfeu, após a tentativa falhada de resgatar Eurídice, e recolhida pelo corvo de Apolo, que resolve colocá-la no céu devido ao encanto que sentira ao ouvir as melodias que nela haviam sido tocadas em sua honra.
Objectos celestes mais notáveis:
- M 56 - um enxame estelar globular de Mag. 8.3 , observável com telescópios modestos.
- M 57 - uma nebulosa planetária muito famosa, também conhecida como Nebulosa do Anel, observável com telescópios modestos. Apresenta uma Mag. de 9.4 .
- NGC 6791 - um enxame estelar aberto de Mag. 9.5 , difícil de se encontrar com telescópios modestos.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
Clicar na imagem para ampliar o mapa |
Mapa com fundo branco
Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.
Clicar na imagem para ampliar o mapa |
A estrela Alfa da Lira forma com a Alfa da Águia e a Alfa do Cisne um asterismo muito célebre, conhecido no hemisfério Norte como Triângulo de Verão ( " Summer Triangle " ).
Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), tem o nome próprio Vega, de uma expressão árabe que menciona o " ataque de surpresa da águia ". É uma estrela branco-azulada de Magnitude 0.0 , a apenas 25 anos-luz de nós. Era a estrela Polar do hemisfério Norte há cerca de 12 000 anos atrás e voltará a sê-lo daqui a 10 000 anos. Vega é a 5ª estrela mais brilhante de todo o céu, a seguir a Sírio, Canopo, Rigil Kentauros e Arcturo. Possui um disco de matéria em seu redor, onde se formará um sistema planetário.
Sheliak ( Beta Lyrae ) |
É uma múltipla física ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ) que pode ser observada separada nas duas componentes principais com telescópios modestos.
A sua Mag. ( global ) varia entre 3.3 e 4.2 , encontrando-se a 800 anos-luz de nós.
- γ (Gama), tem o nome próprio Sulaphat, da mesma expressão árabe que resultou no nome próprio da estrela Beta e que se refere à carapaça da tartaruga. É uma estrela branco-azulada de Mag. 3.2 , a 700 anos-luz de nós.
- δ (Delta), é uma dupla óptica ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é apenas fruto da perspectiva ), cujas componentes podem ser distinguidas uma da outra mesmo apenas a olho nu. O par consiste numa gigante vermelha cuja Mag. varia entre 4.5 e 6.5 e numa estrela branco-azulada de Mag. 5.6 .
Delta Lyrae |
Épsilon Lyrae |
Zeta Lyrae |
- θ (Teta), é uma tripla física, cujas componentes se encontram demasiado próximas umas das outras para que seja possível observá-las individualmente através de instrumentos ópticos, de Mag. ( global ) 4.3 .
- μ (Miú), tem o nome próprio Alathfar, da mesma expressão que resultou no nome próprio da estrela Eta e que refere " as garras " ( da ave de rapina ). É uma gigante esbranquiçada de Mag. 5.1 .
- 13 Lyrae ( ou R Lyrae ), é uma estrela variável, cuja Mag. se altera entre 3.9 ( visível a olho nu de forma óbvia em céus escuros ) e 5.0 ( difícil ou impossível de observar a olho nu em céus urbanos ) em ciclos de cerca de 46 dias.
- Struve 2470 + Struve 2474 ( ou HIP 94075/6 + 94043/39 ), é outro par de estrelas duplas frequentemente comparado com a famosa " Dupla Dupla " ( Épsilon Lyrae ) e, para alguns, ainda mais belo devido a um maior contraste a nível de cores.
Struve 2470 + Struve 2474 |
À semelhança da " Dupla Dupla ", também este par de duplas pode ser observado com telescópios modestos mas, ao contrário do primeiro, é de natureza apenas óptica - a proximidade entre todas as componentes não é real mas fruto da perspectiva.
A Struve 2470 é constituída por duas estrelas de Mag. 6.6 e 8.6 , enquanto o par Struve 2474 apresenta Mag. de 6.7 e 8.8 pelo que, apesar destas quatro estrelas serem um dos alvos mais célebres para quem possui telescópios, não são visíveis à vista desarmada.
_____________________________________________________________________________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário