Na ilustração a constelação de Cães de Caça está representada pelos dois cães cinzentos que a figura de Boötes segura pelas trelas. |
Abreviatura oficial: CVn
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Canum Venaticorum
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 90°N – 37°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 37°S – 62°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 7 Abr
Cães de Caça não é uma constelação óbvia, por apresentar dimensões reduzidas e ser constituída por estrelas pouco brilhantes. Apesar disso, é bastante simples encontrar a sua estrela principal e, através dela, toda a área que corresponde à constelação. Localiza-se nas redondezas de Boötes e da Ursa Maior.
A sua origem é tortuosa, mas a constelação, tal como a conhecemos, é
atribuída ao astrónomo polaco Hevelius.
Apesar de as estrelas que a constituem serem conhecidas dos Gregos
clássicos, estes viam-nas como um asterismo que fazia parte da figura da
constelação de Boötes, na forma de um bastão que era bramido pelo
pastor ( ou Boieiro ). O registo mais antigo conhecido onde estas
estrelas são referidas, chega-nos através da obra do grego Ptolomeu, o " Almagesto
" ( título atribuído na tradução, no Séc IX, da obra para árabe ),
publicada originalmente em meados de 150 d.C. e que resume os
conhecimentos e tradições na astronomia da civilização grega clássica.
No entanto, tal como referido anteriormente, este asterismo não era
visto, nem como uma constelação independente, nem representando qualquer
parelha de cães, apenas um bastão na mão de um Boieiro, não possuindo
por isso, como é óbvio, qualquer lenda mitológica associada. O tradutor
árabe responsável por introduzir a obra de Ptolomeu aos orientais terá
cometido o erro de confundir a palavra grega " bastão " com " gancho ",
traduzindo-a por " foice ". Uma posterior tradução para o latim acabou
por interpretar este termo árabe como se significasse " cães ", gerando a
confusão entre os astrónomos e estudiosos nas épocas posteriores. Em
1533 surge um mapa celeste da autoria do alemão Petrus Apianus em
que Boötes é representado segurando as coleiras de 3 cães, embora estes fossem
apresentados numa área totalmente distinta do céu, virados para o pastor
e não para as Ursas ( Maior e Menor ), como são vistos na constelação
moderna, para além de não ter existido qualquer preocupação em
representar, com um mínimo de rigor, as estrelas que compõem a figura
tal como as podemos observar no céu. Foi Hevelius que, tentando
identificar os " cães " que eram ( por erro de tradução, recorde-se )
referidos na tradução para latim da versão árabe do " Almagesto ",
concluiu que seriam estas as estrelas que os representariam. Tendo sido o
primeiro a publicar num atlas celeste, rigoroso com o que observamos no
céu, as figuras de dois Cães de Caça presos pelas trelas na mão do
Boieiro, a Hevelius passou a ser reconhecida a autoria da moderna
constelação de Canes Venatici. Os nomes próprios de cada um dos cães, Asterion e Chara, apesar de etimologicamente terem origens
gregas, foram igualmente atribuídos por Hevelius - " Asterion "
traduz-se por " Pequena Estrela " , enquanto " Chara " significa "
Alegria ".
Na figura celeste moderna, a constelação representa os cães do Boieiro (
constelação de Boötes ), que o ajudam a guardar e a conduzir as Ursas (
Maior e Menor ) à volta do Pólo Norte Celeste. Enquanto as duas estrelas
mais brilhantes de Canis Venatici representam " Chara ", " Asterion " é
assinalado por um punhado de estrelas não muito óbvias, um pouco mais a
Norte.
Objectos celestes mais notáveis:
- M 3 - um enxame estelar globular de Mag. 6.4 , observável com binóculos.
- M 51 - um par de galáxias espirais em interacção ( NGC 5194 + NGC 5195 ) de Mag. ( média ) 9.0 . A galáxia maior ( NGC 5194 ) é também conhecida como Galáxia Redemoinho ( " Whirlpool " ). Ambas são visíveis com telescópios modestos.
- M 63 - uma galáxia espiral de Mag. 9.8 , também conhecida como Galáxia Girassol ( " Sunflower " ), observável com telescópios modestos.
- M 94 - uma galáxia espiral de Mag. 8.2 , observável com binóculos.
- M 106 - uma galáxia espiral de Mag. 8.4 , observável com binóculos.
- NGC 4244 - uma galáxia espiral que se nos apresenta de perfil. Com uma Mag. de 10.2 , a sua observação requer telescópios de abertura igual ou superior a 200 mm.
- NGC 4449 - uma galáxia irregular de aspecto semelhante à Grande Nuvem de Magalhães. Apresenta uma Mag. de 9.4 , sendo difícil de se observar com telescópios de abertura inferior a 150 mm.
- NGC 4490 - um par de galáxias em interacção, de Mag. 9.8 , observáveis com telescópios modestos.
- NGC 4631 - uma galáxia espiral também conhecida como Galáxia Baleia, com uma pequena galáxia satélite associada. Apresenta uma Mag. de 9.8 , sendo a sua observação bastante difícil com telescópios de abertura inferior a 150 mm.
- NGC 5005 - uma galáxia espiral barrada de Mag. 9.8 , de difícil observação com telescópios de abertura inferior a 150 mm.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
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A estrela mais brilhante de Canes Venatici faz parte de um asterismo famoso:
- α (Alfa) Canum Venaticorum + α (Alfa) Boötis + α (Alfa) Virginis + β (Beta) Leonis formam um desenho conhecido como Diamante de Virgem ou, no hemisfério Norte, Diamante de Primavera.
Estrelas mais notáveis:
Cor Caroli ( Alfa Canum Venaticorum ) |
Charles Scarborough foi nomeado Físico Real por Carlos II, sucessor de Carlos I, que viria a restaurar a Monarquia.
É uma dupla física ( a proximidade entre as componentes é real ) de Magnitude ( global ) 2.8 , cujas constituintes são facilmente observadas individualmente através de instrumentos modestos e uma das mais belas estrelas duplas de se observar com qualquer telescópio.
- β (Beta), tem o nome próprio Chara, do grego, significando " Alegria ", designação originalmente atribuída a ambas ( Alfa e Beta ) as estrelas que assinalavam um dos dois cães do Boieiro. É uma anã amarelada de Mag. 4.3 , a apenas 27 anos-luz de distância.
- Y Canum Venaticorum, tem o nome próprio La Superba, do italiano, significando " extremamente bela ", atribuído por Angelo Secchi, por apresentar um maravilhoso e invulgar tom de vermelho profundo. O seu aspecto deve-se ao facto de ser uma gigante vermelha particularmente rica em carbono. Apresenta uma Mag. ligeiramente variável, à volta de 5.0 , e é precisamente o facto de ser uma estrela variável que lhe valeu a designação " Y ": às estrelas variáveis de cada constelação que não possuam uma letra do alfabeto grego associada, é atribuída uma designação que consiste numa letra maiúscula, consoante a sua ordem de descoberta, que se inicia na letra " R ". Neste caso, e respeitando o critério atrás exposto, a Y Canum Venaticorum foi a 8ª estrela da constelação a ser classificada como variável.
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