Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Sco
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Scorpii
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 44°N – 90°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 81°N – 44°N
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 3 Jun
Esta é uma das constelações mais antigas do céu, sendo o seu desenho identificado com um escorpião desde, pelo menos, 4000 a.C. , pelos Sumérios. Não só apresenta um formato bastante óbvio, como também é constituída por estrelas muito brilhantes, fazendo dela uma das constelações mais fáceis de encontrar.
Na cultura grega o seu desenho era mais extenso, contendo estrelas da constelação de Libra ( Balança ), até esta última ser introduzida como figura independente pelos Romanos, no Séc. II, pelo que o Escorpião " perdeu " algumas estrelas que passaram a fazer parte da Balança. Quando a União Astronómica Internacional ( I.A.U.) estabeleceu oficialmente as fronteiras de cada constelação algo semelhante voltou a acontecer, explicando o facto de o Escorpião não possuir, por exemplo, uma estrela γ (Gama), por esta ter passado a ser a σ (Sigma) de Libra.
Segundo a lenda grega, representava o animal enviado pela deusa Gaia para defrontar o caçador Orionte, que se gabava de conseguir derrotar qualquer animal à face da Terra. No entanto, o Escorpião gigante conseguiu picar Orionte, provocando a sua morte. Segundo esta lenda, o caçador teria sido ressuscitado por Asclépio ( representado no céu pela constelação de Ofiúco ), devido aos seus invulgares conhecimentos de medicina. Associando a lenda à representação celeste destas personagens, o Escorpião localiza-se, no céu, debaixo do pé de Asclépio, como se estivesse a ser esmagado ou preso por ele. Para além disso, Orionte e o Escorpião encontram-se em pontos opostos do céu, de forma que quando uma destas constelações " nasce ", a outra " põe-se ", como se ambos prosseguissem eternamente uma perseguição mútua impossível de se voltar a concretizar.
Objectos celestes mais notáveis:
- M 4 - um enxame estelar globular de Mag. 5.9 , visível mesmo apenas com binóculos ( recomendam-se céus escuros ). Este é considerado actualmente o enxame estelar globular mais próximo de nós, a cerca de 6 800 anos-luz.
- M 6 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.2 , visível a olho nu em céus escuros e espectacular de se observar com binóculos. Também é conhecido como Enxame Borboleta, devido ao facto de as suas estrelas mais brilhantes formarem o desenho de uma borboleta de asas abertas.
- M 7 - um enxame estelar aberto visível a olho nu e uma observação maravilhosa de se fazer com binóculos. Também é conhecido como Enxame Ptolomeu, por ter sido descrito por Ptolomeu cerca de 130 d.C. e apresenta uma Mag. de 3.3 .
- M 80 - um enxame estelar globular de Mag. 7.2 , observável com telescópios modestos.
- NGC 6124 - um enxame estelar aberto de Mag. 5.8 , observável com binóculos.
- NGC 6231 - um enxame estelar aberto de Mag. 2.6 , visível a olho nu e muito belo com binóculos. Na imagem ao lado podemos igualmente observar, no limite direito, as duas componentes da estrela dupla ζ (Zeta) Scorpii. A Zeta 2 é a estrela mais evidente, em tons de laranja, enquanto a Zeta 1 pode ser observada imediatamente acima, em tons de azul.
- NGC 6302 - uma nebulosa planetária de Mag. 9.6 . Este é um objecto celeste bastante difícil de se estudar mesmo com telescópios de 200 mm por, apesar de suficientemente brilhante ( recomendam-se céus escuros ), apresentar um aspecto quase pontual, confundindo-se com uma estrela.
- NGC 6388 - um enxame estelar globular de Mag. 6.9 , observável com telescópios modestos.
- NGC 6441 - um enxame estelar globular de Mag. 7.4 , visível com telescópios modestos. É muito fácil de se localizar, devido a estar ( aparentemente ) extremamente próximo da brilhante estrela denominada G Scorpii. Na imagem ao lado podemos observar a G Scorpii à direita do NGC 6441.
- NGC 6453 - um enxame estelar globular de Mag. 10.2 . Este é um objecto celeste bastante difícil de se estudar mesmo com telescópios de 200 mm por, apesar de suficientemente brilhante ( recomendam-se céus escuros ), apresentar um aspecto quase pontual, confundindo-se com uma estrela.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
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Existe um asterismo famoso no Escorpião:
- σ (Sigma) + α (Alfa) + τ (Tau) + ε (Épsilon) + μ (Miú) + ζ (Zeta) + η (Eta) + θ (Teta) + ι (Iota) + κ (Capa) + λ (Lambda) + υ (Úpsilon) - formam um desenho conhecido como Anzol do Peixe ( " The Fish Hook " ).
Estrelas mais notáveis:
- α (Alfa), tem o nome próprio Antares, do grego " Ant-Ares " que significa " Igual a Ares ", embora possa encerrar a ideia de " Rival de Ares " - sendo esta última a tradução mais divulgada - pois o seu aspecto a nível de brilho e cor tende a confundi-la com " Ares " ( para os Romanos, " Marte " ) e assinala o coração do Escorpião. Antares é uma das maiores estrelas conhecidas, uma supergigante vermelha de brilho variável, com Magnitude entre 0.9 e 1.1 . Encontra-se no seu fim de " vida " e prestes a explodir numa brilhante Supernova. Telescópios de abertura superior a 150 mm conseguirão mostrar que está ligada pela gravidade a uma companheira de brilho mais fraco.
- β (Beta), tem o nome próprio Graffias, do árabe, significando " Garras " ou " Pinças ", embora também seja conhecida como Acrab, igualmente de origem árabe, significando " Escorpião ". É uma dupla física ( a proximidade entre as duas constituintes é real ), facilmente separada nas suas componentes individuais através de telescópios modestos, com uma Mag. ( global ) ligeiramente variável, à volta de 2.4 .
Graffias ( Beta Scorpii ) |
- ε (Épsilon), é uma gigante alaranjada de Mag. 2.3 , a apenas 65 anos-luz de nós.
- ζ (Zeta), é uma dupla óptica ( a proximidade entre as constituintes é apenas fruto da perspectiva ) de Mag. ( global ) 3.4 , muito fácil de se observar separada nas duas componentes individuais com qualquer binóculo. Este sistema duplo é visível na imagem apresentada mais acima no texto, relativa ao objecto celeste NGC 6231.
- η (Eta), é uma gigante amarelada de Mag. 3.3 , a cerca de 72 anos-luz de nós.
- θ (Teta), tem o nome próprio Girtab, do sumério, significando " Escorpião ", embora por vezes seja mencionada como Sargas, igualmente de origem suméria, mas de significado obscuro. É uma supergigante branca de Mag. 1.9 .
- ι (Iota), é uma dupla óptica, facilmente separada nas suas componentes individuais através de binóculos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 3.0 .
- κ (Capa), é uma gigante azul de Mag. 2.4 .
- λ (Lambda), tem o nome próprio Shaula, do árabe, significando " Ferrão ", pois assinala o ferrão do Escorpião. Apesar de estar associada à 11ª letra do alfabeto grego é, na verdade, a 2ª estrela mais brilhante da constelação. Apresenta uma cor branco-azulada e Mag. 1.6 .
- μ (Miú), é uma dupla óptica, facilmente separada nas suas componentes individuais através de telescópios modestos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 3.1 .
Miú Scorpii |
Niú Scorpii |
- ρ (Ró), é uma estrela azulada de Mag. ligeiramente variável, à volta de 3.9 . Suspeita-se que uma companheira muito mais débil e eventualmente ligada a ela pela gravidade e uma outra, muito mais próxima da primeira e impossível de se distinguir com instrumentos ópticos, façam desta estrela um sistema triplo de natureza física.
- σ (Sigma), tem o nome próprio Al Niyat, do árabe, significando " as artérias " do coração do Escorpião ( sendo este assinalado por Antares ). É uma múltipla física de Mag. ( global ) 2.9 . Telescópios modestos conseguirão mostrar, com alguma dificuldade, o par principal.
Al Niyat ( Sigma Scorpii ) |
- υ (Úpsilon), tem o nome próprio Lesath - este resultou de um dos monumentais erros de tradução desde o nome original até à designação final: segundo alguns especialistas, o termo original grego significava " Nebuloso " e, provavelmente, nem se referia à estrela mas sim ao objecto da Lista de Messier M 7, um enxame estelar aberto visível a olho nu como uma área de aspecto nebuloso no céu. Esta expressão terá sido traduzida para árabe, correctamente, como " Al Latkha " ( " Nebuloso " ), posteriormente interpretada de forma errada como " Las'a " ( " Picada Venenosa " ), que terá então dado origem à denominação final, fruto da corrupção desta última expressão árabe. É uma estrela branco-azulada de Mag. 2.7 .
- ω (Ómega), é uma dupla óptica, facilmente separada nas componentes individuais através de binóculos. Apresenta uma Mag. ( global ) de 3.7 .
- G Scorpii ( podemos encontrá-la no mapa acima, envolta pelo círculo que assinala o objecto NGC 6441 ), é uma gigante vermelha de Mag. 3.2 . Apesar de ser relativamente brilhante não foi, misteriosamente, associada a nenhuma letra do alfabeto grego. Segundo a catalogação de Bayer, terminadas as letras gregas prosseguia-se atribuindo às estrelas mais brilhantes da constelação uma letra minúscula do alfabeto latino e, posteriormente, letras maiúsculas do mesmo alfabeto. No entanto, não foi essa a origem desta designação "G" - presume-se que terá sido atribuída por Benjamin Gould em referência ao facto de esta estrela ter feito parte da constelação originalmente idealizada por Lacaille e posteriormente alterada pela I.A.U. ( União Astronómica Internacional ) - o Telescópio - como γ (Gama) Telescopii. Nesta hipótese, o "G" terá tido então origem na letra grega Gama.
- 18 Scorpii, é uma estrela célebre entre os astrónomos amadores por ser, de entre todas as que são observáveis a olho nu ( em céus muito escuros ), uma das mais semelhantes ao nosso próprio Sol.
Localização da 18 Scorpii |
Isto faz com que, ao olharmos para a 18 Scorpii, tenhamos a noção de como é observar o nosso próprio Sol a 45.7 anos-luz de distância ( a que a 18 Scorpii se encontra de nós ).
Com uma Mag. de 5.4 , a sua observação a olho nu exige céus muito escuros, mas é facilmente visível com binóculos.
Amplie-se a imagem ao lado para localizar a 18 Scorpii, assinalada com uma mira.
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muito foda...
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