Na imagem vemos a ilustração do Navio Argo, figura que é composta por 3 constelações independentes: Popa, Quilha e Vela. |
Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Vel
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Velorum
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 32°N – 90°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 52°N – 32°N
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 23 Fev
Argo Navis - clicar para ampliar a imagem |
Segundo a mitologia grega, a antiga " Argo Navis " representava o navio que Jasão e os Argonautas usaram na sua busca pelo Velo de Ouro ( associado no céu à constelação de Aries ). Do navio é apenas visível a metade posterior, tendo a tradição definido que o resto da embarcação não era visível por estar envolta em nevoeiro, ou porque o episódio celebrado nesta constelação se referia ao momento em que o Argo se lançara na travessia dos Rochedos Azuis que estariam, por isso, a ocultar a proa.
A Vela representa, como o nome indica, a vela do navio Argo e é visualizada de formas variadas, consoante o autor da ilustração. Por vezes é apresentada totalmente desfraldada, outras vezes ( como na figura publicada no início deste texto ) representada solta, pendendo de um mastro partido ao meio - esta versão salienta o dramatismo do episódio da travessia efectuada pelo navio, da qual não teria escapado sem alguns danos. No entanto, pela disposição das estrelas da constelação no céu, torna-se mais fácil visualizar a Vela totalmente desfraldada.
Localiza-se com relativa facilidade por ser composta por estrelas de brilho razoável, usando-se como referência a proximidade das duas estrelas mais brilhantes do céu: Sírio ( da constelação vizinha, Cão Maior ) e Canopo ( da constelação vizinha, Quilha ( Carina ) ).
Numa particularidade única entre as constelações modernas, a designação das estrelas pelo sistema mais conhecido e usado ( classificação de Bayer ), continua a considerar a constelação ( em desuso oficial ) de Argo Navis como um todo. Por isso, as estrelas catalogadas como Alfa e Beta encontram-se na constelação oficial da Quilha, mas a Gama e Delta encontram-se na Vela, a Eta na Quilha, Zeta na Popa, e por aí fora.
Objectos celestes mais notáveis:
- NGC 2547 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.7 . A olho nu apresenta o aspecto de uma estrela, mas com uns binóculos mostra algumas das suas constituintes individuais.
- NGC 2670 - um enxame estelar aberto de Mag. 7.8 , observável com telescópios modestos.
- NGC 2910 - um enxame estelar aberto de Mag. 7.2 , observável com telescópios modestos.
- NGC 3132 - uma nebulosa planetária também conhecida como Eight-burst Nebula e Nebulosa do Anel do Sul - em referência à sua congénere do Norte, a Nebulosa do Anel na constelação da Lira. Apesar de apresentar uma Mag. de 9.0 , pode ser observada com telescópios modestos ( aspecto de uma mancha oval de pequenas dimensões ).
- NGC 3201 - um enxame estelar globular de Mag. 7.0 , observável com telescópios modestos.
- IC 2391 - um enxame estelar aberto de Mag. 2.5 , também conhecido como Enxame Ómicron Velorum por conter a estrela ómicron da Vela, visível a olho nu e muito interessante com binóculos.
- Trumpler 10 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.0 , visível a olho nu sob a aparência de uma estrela com contornos nebulosos. Muito belo de se observar com binóculos.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.
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Existe um asterismo famoso nesta constelação:
As estrelas δ (Delta) + κ (Capa) formam com as duas estrelas da constelação vizinha da Quilha, ε (Épsilon) + ι (Iota), o Falso Cruzeiro do Sul, por apresentarem o desenho de uma cruz que se confunde com a constelação de Crux ( Cruzeiro do Sul ).
Estrelas mais notáveis:
- γ (Gama), tem o nome próprio Suhail al-Muhlif, mas é muito mais frequentemente referida apenas como " Suhail ". Este é um dos nomes próprios que maior confusão gera entre a comunidade de astrónomos, pois tende a ser atribuído por alguns autores à estrela Gama enquanto outros associam-no à λ ( Lambda ) desta mesma constelação. Na verdade, a palavra de origem árabe " Suhail " pretende significar " brilhante " e aparece com frequência em inúmeras designações relativas a estrelas variadas, de constelações diversas. Na Vela, permaneceram populares duas designações árabes que usam esta palavra:
- Suhail al-Muhlif, referente à estrela Gama, de significado algo obscuro - " o brilhante juramento " ou " a brilhante do juramento ";
- Suhail al-Wazn, referente à Lambda, significando " a brilhante do peso " ( peso de balança ).
Tendeu-se a reduzir ambos os nomes próprios para " Suhail " apenas, e a confusão instalou-se.
De forma controversa e muito pouco unânime, alguns decidiram renomear a estrela Gama para Regor, passando a denominação " Suhail " em exclusivo para a estrela Lambda. " Regor " é uma expressão moderna que deve ser lida ao contrário, resultando " Roger ", nome de um dos astronautas americanos ( Roger Chaffee ) mortos no incêndio que destruiu uma cápsula de exercícios Apolo, na década de 60. Ao longo da história da astronomia várias foram as homenagens feitas a pessoas, através da atribuição dos seus nomes a estrelas e até constelações mas, por ser sempre uma atitude controversa, nunca aceite de forma universal, estas denominações foram sempre rejeitadas pela comunidade de astrónomos.
Suhail al-Muhlif é uma múltipla física ( a proximidade entre as componentes é real ) de Magnitude ( global ) 1.8 , que pode ser observada separada em duas com um telescópio modesto. A mais brilhante do conjunto é uma estrela branco-azulada, enquanto a sua companheira é uma estrela Wolf-Rayet, classe que define sóis extremamente energéticos e violentos, que expelem camadas da sua atmosfera em resultado dos processos de fusão que desenvolvem - uma imagem esclarecedora pode ser consultada aqui ( registada com a WFPC 2 do Hubble, mostra a Wolf-Rayet 9838 e a sua nebulosa envolvente, captadas numa banda de luz que vai desde o Ultravioleta próximo até ao Infravermelho próximo, passando pelo visível ).
Ambas as componentes principais deste sistema múltiplo terminarão a sua vida na forma de brilhantes supernovas, mas a Wolf-Rayet já se encontra no processo final que desencadeará a sua explosão.
- δ (Delta), é uma dupla física de Mag. ( global ) 1.9 , a 80 anos-luz de nós, possível de se observar separada nas suas componentes individuais com telescópios modestos. O movimento de precessão da Terra levá-la-á a ser a Estrela Polar do hemisfério Sul em cerca de 9000 d.C. .
- κ (Capa), tem o nome próprio Markeb, uma corrupção do termo árabe " Markab ", que define um veículo de qualquer natureza - neste caso, esse veículo pode ser interpretado como sendo o Navio Argo. É uma estrela branco-azulada de Mag. 2.5 .
- λ (Lambda), tem o nome próprio Suhail al-Wazn, de uma expressão árabe que significa " a brilhante do peso " ( peso de balança ). No entanto, é muitas vezes referida pela versão abreviada " Suhail ", confundindo-se com a estrela Gama desta mesma constelação ( para mais pormenores, leia-se mais acima o texto referente à estrela Gama da Vela ). É uma supergigante alaranjada de Mag. 2.2 .
- μ (Miú), é uma gigante amarela de Mag. 2.7 .
- ψ (Psi), é uma dupla física de Mag. ( global ) 3.6 , difícil de se observar separada nas suas componentes individuais com telescópios modestos, a apenas 61 anos-luz de distância de nós.
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